domingo, 1 de agosto de 2010

Ajuda para pais e Profs com o problema de agressividade das crianças

Mordidas, tapas, arranhões...

É chato ser o pai ou a mãe da criança que ataca os amigos, mas esse comportamento agressivo não deve tirar o seu sono: vai passar, e logo! Só que os pais terão que entrar no circuito
Áurea Lopes
Muitas mães têm medo de que o filho se torne uma criança que morde os amigos. Natural: o bebê "violento" acaba alijado do grupo na escolinha, na praça, onde quer que brinque, e ninguém quer isso para o rebento - sem falar no temor de que aquele bebê de reações tão iradas se transforme em um adulto agressivo. A opinião dos especialistas, no entanto, é tranqüilizadora. A criança não vai virar uma pessoa violenta só porque de vez em quando tasca uma dentada em uma bochecha desavisada. Não existe relação entre crianças que mordem, batem ou puxam cabelo e adultos violentos. O hábito de morder, geralmente, não passa disso - um hábito, desagradável, que deve ser desestimulado. Entre 1 e 3 anos, abocanhar o braço do amigo é apenas a forma mais fácil e rápida de acabar logo com a disputa por um brinquedo. Ou o jeito mais eficaz de chamar a atenção. "A maior parte das crianças morde para se comunicar, pois ainda tem limitações de vocabulário ou lentidão na articulação das palavras", conta a psicóloga Helena Samara, dona de uma escola infantil em São Paulo e testemunha de um sem-número de mordidas, tapas e arranhões entre os pequenos. "A criança precisa interromper o que não lhe agrada e obter o que deseja. Se não domina a comunicação oral, o jeito é partir para o convencimento físico."Nem sempre, no entanto, o ataque é um ato de agressão. Gislene Jardim, presidente do departamento de saúde mental da Sociedade Paulista de Pediatria, esclarece que outra razão para as mordidas, paradoxalmente, é gostar demais do colega: "É comum a vítima ser o melhor amigo. Elas mordem para se apropriar do que o outro tem de interessante". Agredir também pode significar insegurança, ansiedade. Algumas atacam a própria mãe em situações de stress. A artesã Thaís Vianna, 38 anos, de São Paulo, conta que o filho, João Pedro, hoje com 7 anos, era tão tímido que fincava os dentes em sua mão ao se sentir envergonhado. Ele também mordeu amigos na escola. E, numa festa de aniversário, pegou nada menos que o aniversariante. "Eu disse a ele que, da próxima vez que fizesse aquilo, iríamos embora da festa. Não deu outra: na festa seguinte, ele repetiu a dose e saímos bem na hora do parabéns. Foi duro, eu até chorei, mas o fato é que, depois disso, não voltou a acontecer."

Os pais têm um papel importante para ajudar a criança a superar essa fase, quaisquer que sejam as razões por trás da agressão. Algumas recomendações de como agir na hora H:




• Sem barraco!

Por mais recriminadores que sejam os olhares ao redor, não se deixe levar pelo impulso de repreender seu filho só para mostrar que tem pulso firme. Expô-lo a uma bronca pública só vai aumentar o nervosismo dele e talvez provocar uma reação ainda mais violenta.• Hora do desarme.
Afaste seu filho da "vítima" e converse calmamente, perguntando por que machucou o amigo. Se ele resistir em falar, ofereça alternativas (Ele te deixou bravo? Não te deu atenção?), ajudando-o a expressar os sentimentos que geraram o comportamento agressivo.• Atos e conseqüências.
Sem submeter agressor e agredido a um acareamento nessa hora de tensão, mostre a seu filho o quanto ele magoou o amigo. Não é o caso de fazer com que se sinta um crápula, mas de ensiná-lo a se colocar no lugar do outro e perceber sua dor. Estimule um pedido de desculpas voluntário.• Vigilância.
Separar a criança do grupo porque mordeu um amigo não resolve o problema; ela vai reincidir em outras rodinhas. A solução está em ensinar o convívio harmonioso. Por isso, o ideal é manter o contato com o amigo agredido, redobrando a atenção para evitar novos incidentes.• Pesquisa de campo.
Observe em que situações seu filho apela ao recurso da mordida. Se identificar, por exemplo, que ele morde por stress ou ao se sentir acuado, atue preventivamente. Isto é, ao perceber que ele vai enfrentar a situação-limite, interceda ajudando-o a se expressar por palavras e evitando a "comunicação física".• No prejuízo.
Se ele atacou um amiguinho para conquistar um brinquedo, não permita que fique com o objeto obtido na base da agressão. Ao sair ganhando com o que fez, seu filho tende a repetir o comportamento.

• Sem voltar atrás.
Se for necessário ameaçar com uma punição, jamais recue na hora de aplicá-la. Suponha que combinaram o seguinte: da próxima vez que a criança morder, ficará sem o carrinho de que tanto gosta. Ela mordeu? Faça como Thaís, a mãe do início desta reportagem: seja firme e cumpra o combinado.
Dar o troco piora a situação
Ser mordido uma vez pode ser azar ou acidente. Se isso acontece freqüentemente, pode sinalizar um pedido de socorro. Assim como quem agride precisa aprender a se expressar para alcançar o que deseja, quem sofre a agressão tem de descobrir como se comunicar para se defender. "Em geral, a vítima é uma criança passiva, de reflexos mais lentos, que também acha difícil dizer que não gostou do comportamento do amigo", observa a psicóloga Helena Samara, de São Paulo. Porém, por mais que deseje ver seu filho reagir e se defender, nunca estimule o revide. "Devolver a violência só cristaliza a agressividade na turma. A relação entre os colegas ganha essa cara e fica cada vez mais difícil interromper o processo", diz Gislene Jardim, da Sociedade Paulista de Pediatria. Mesmo se sentindo ferida quando seu filho aparecer em casa com marcas, tente evitar o rancor. Explique a ele que o amigo não o machucou por raiva e estimule-o a dar um retorno ao agressor dizendo-lhe no dia seguinte que não gostou de ter sido machucado.

Fonte: http://claudia.abril.com.br/materias/1864/?sh=bb&cnl=53

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